sábado, 1 de janeiro de 2011

Egocentrismo do egoísmo


Homens e mulheres ali na platéia sombria parecem apagados habitantes dum submundo, criaturas sem voz nem movimento, prisioneiros de algum perverso sortilégio. Olhares fitados na zona luminosa do palco. A luz do circular envolve o pianista e o piano que ao estarem lá se tornam um só corpo. Há momentos em que o som do instrumento ganha uma qualidade profundamente humana. O artista está pálido à luz de cálcio. Parece um cadáver. Mas mesmo assim é uma fonte de vida, de melodias, de sugestões — a origem dum mundo misterioso e rico. Fora do círculo luminoso pesa um silêncio grave e parado. Feio e surdo, a música parece escrever no ar estas palavras em doloroso desenho. Tua carta me lançou das mais altas regiões da felicidade ao mais profundo abismo da desolação e da dor. Não serei, pois, para ti e para os demais, senão um músico? Será então preciso que busque em mim mesmo o necessário ponto de apoio, porque fora de mim não encontro em quem me amparar. A amizade e os outros sentimentos dessa espécie não serviram senão para deixar malferido o meu coração. 

“O egoísta é aquele que sempre foi admirado, por bastante tempo e nunca percebeu, mas quando para pra admirar e ninguém percebe o maior egoísta se torna frágil, e começa a rotina contínua de egocentrismo de um egoísta, quando atinge ignorando, quando nada aceita.”  (inspirado na literatura "AS MÃOS DE MEU FILHO")


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